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sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

Sobre religiões e verdades

Zeitgeist não fala bem disso, mas traz um ponto pra mesa muito importante e ajuda a entender mais a fundo discussões como essa.

Mas antes disso, queria deixar aqui uma palhinha de Popper e falsificacionismo: não existe teoria absoluta, logo não existe verdade absoluta. Daí caímos em três casos: teorias contestadas e que foram falseadas (percebidas então como erradas); teorias fáceis de se contestar e que não foram falseadas, logo são admitidas e fortes (verdades fortes); teorias difíceis de se contestar e que não foram falseadas, logo são admitidas e fracas (verdades fracas).

E voltando ao documentário, Zeitgeist entra em um debate específico sobre religião que pode ser chamado como "Christ myth theory". Daí cabe um parêntese para definir mito, como uma narrativa tradicional, oral, e que procura demonstrar a origem ou explicação das coisas. E também beber um pouco de neurociência e mnemônica para perceber que narrativas são uma forma excelente de se transmitir conhecimento oralmente, já que é muito mais fácil lembrar de uma história com personagens do que de dados frios e soltos. E nesse contexto, o documentário sugere através da comparação de vários dados (exemplo, várias datas e acontecimentos marcantes) sobre Jesus, Horus e outras figuras divinas são exatamente os mesmos, e como esses dados coincidem com fenômenos astrológico e ciclos de tempo do planeta (que afetam diversas questões básicas da sociedade como agricultura).

Resumindo, no fim temos diferentes histórias que foram fundamentadas nas mesmas informações e transmitidas através de milhares de anos, se moldando e se adaptando a cada realidade, de maneira que reflita melhor as condições locais e que melhor permeie a sociedade, sendo difundida com a melhor maneira de se contar.

Acredito que todas esses eventos e figuras divinas realmente existiram, mas ao longo da tradição oral foram mistificados até o dia de hoje, reunindo suas histórias com diferentes fatos e de mitos, que foram se reunindo na construção das religiões. Difícil é saber quais dessas diferentes histórias se remetem a diferentes fatos ou apenas a diferentes perspectivas contadas por diferentes povos; mas o que considero pouco importante. No fim, todos são uma coleção de verdades transformada em mito pela tradição oral. Ramificados e transformados pelo tempo. Uma mina de sabedoria, pronta para ser minerada em busca do que é mais valioso ali para cada um.

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