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terça-feira, 5 de março de 2013

Cisnes Negros e a história da Filosofia da Ciência - Insight @EDTI


Nassim Nicholas Taleb é um gênio! Mas como ele mesmo analisa, é possível aproveitar os Cisnes Negros. A gestão do desconhecido é um assunto que me interessa muito, já que faz uma conexão imediata com os temas mais "polêmicos" da ciência, o conhecimento de fronteira. O limite entre o conhecido e o desconhecido e a elaboração de Programas de Pesquisa (vide Lakatos).

Cisnes negros são eventos improváveis, de alto impacto e apenas de lógica retrospectiva: é impossível prevê-los, mas podemos chegar a conclusões óbvias sobre porque acontecerem logo após acontecerem. De qualquer forma, os Cisnes Negros não são necessariamente negativos.

A história do título do livro se remeta à Europa antiga onde, supostamente, havia uma expressão popular onde um evento muito provável de acontecer, era tão provável quanto os cisnes serem brancos; até que James Cook explorou a Austrália e trouxe um único cisne da cor negra, que desconstruiu toda a expectativa européia em relação às cores dos cisnes até então.

Essa história é um problema muito antigo da Filosofia da Ciência, é chamada de O Problema do Indutivismo, também conhecido como o Problema de Hume ou o Paradoxo do Peru Ingênuo.

O paradoxo do Peru Ingênuo funciona assim: um peru é alimentado criteriosamente todos os dias de manhã por um fazendeiro durante uma sequência muito grade de dias. Durante todos esses dias o peru cria a consciência completa de que em seu universo ele é alimentado todos os dias, sempre no período da manhã. O peru ingênuo não espera, mas em um dado dia (às vésperas de Natal) ao contrário de tudo o que aconteceu até então, em vez de ser alimentado ele foi morto. Um ponto fora da curva que foi suficiente para destruir todo o modelo construído até então.

Mas voltando na Filosofia da Ciência, resumidamente: os primeiros pensadores a analisarem a ciência como método levantaram a corrente do Indutivismo, onde as constatações eram feitas a partir das observações e leis eram traçadas - muita coisa realmente BOA veio a partir desse tipo de contribuição, como por exemplo a Lei de Snell da refração. De qualquer forma veio um tal de Humes e levantou a problemática:  pouco importa o grande número de cisnes brancos que tenhamos observado; não justifica a conclusão de que todos os cisnes são brancos.

Mas os caras sensacionais da Filosofia da Ciência começam a partir de Popper e Feyerabend para mim. Popper foi o responsável por introduzir o conceito de falseabilidade no método científico, o que é a principal ferramenta para desconstruir os chamados "Argumentos Ad Auditores" (Estrategema Nº 28 de Schopenhauer). A ideia do Falsificacionismo é que quanto mais difícil testar uma teoria para averiguar se ela é falsa ou verdadeira, mais fraca ela é - teorias fortes são aquelas que qualquer pessoa pode ter a chance de tentar desconstruí-la, mas nunca obteve exito. É aí que voltamos no Taleb - o falsificacionismo tende a favorecer teorias que são mais resistentes à Cisnes Negros, porque recorrem a diferentes visões de realidade. Quanto mais testável uma hipótese for, menos sujeita à Cisnes Negros ela estará.

De qualquer forma, não existem só Cisnes Negros negativos. Mas como aproveitar os Cisnes Negros positivos? A resposta tem um pouco a ver com o outro cara que eu disse, o Feyerabend. Feyerabend defende a  ideia do anarquismo científico e sua obra mais famosa é chamada "Agaisn't Method". Esse cara defende que nenhuma metodologia proposta até hoje foi bem sucedida por muito tempo, todas fracassaram em fornecer regras adequadas para orientar as atividades dos cientistas. De certa forma vejo essa ideia conectada com o conceito de "Cisne Cinza" de Taleb.

Como já faz algum tempo que li esse livro, vou me poupar de reestudar algo para escrever sobre os cisnes cinzas e citar uma fonte externa (rs): http://expresso.sapo.pt/aprenda-a-lidar-com-cisnes-cinzentos=f580029

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