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sábado, 9 de outubro de 2010

Cérebro e Mente - bases científicas e epistemologia

Como amador em Spinoza, mas amante da arte de pensar, venho levantar um ponto de enfoque potencialmente diferenciado por levar em conta aspectos biológicos de ideias muitas vezes discutidas apenas filosoficamente. Acredito que leitores de Spinoza dificilmente anulariam essa nova, mas igualmente descritiva perspectiva.

Na tentativa de demonstrar que é razoável a ideia que a mente não influência o físico - e que não existe separação de ambos – serão adotadas como premissas básicas, além das citadas anteriormente, os conceitos de unidade absoluta de Spinoza e de outros pensadores, como Jiddu Krishnamurti, além de teorias bem difundidas nas ciências biológicas, principalmente bioquímica e biologia molecular.

Cérebro e Mente - bases científicas e epistemologia
Epistemologicamente falando, um conceito se estabelece basicamente pela reunião de diferentes relações que, como um grupo, delimitam ou dão poderes a um determinado objeto – físico ou metafísico.

Assim fica a pergunta: o que é um conceito? Um conceito são leis que limitam uma ideia, criando uma identidade própria e distinguível. Logo, o conceito de cérebro estaria associado a teorias, postulados e dados neurocientíficos. O cérebro é  um conjunto de células organizadas em tecidos neurais, formadores do órgão central do sistema nervoso, responsáveis pela transmissão de ordens fisiológicas de carácter elétrico pela alteração de concentração iônicas em cada micro-ambiente. O cérebro é tanto a base física quanto coordenadora geral das funções dos sistemas que nos permitem realizar qualquer movimento coordenado – molecular ou tecidual.

Da mesma forma, como descreveríamos a mente? Sabemos que de alguma forma a mente está ligada com o cérebro, pois conceitualmente dizemos que apenas organismos possuidores desse órgão são capazes de usufruir da mente. Também dizemos que a mente é uma características de seres conscientes, pois sem consciência toda ação é puramente instintiva. Assim a mente seria a capacidade de conscientizar o mecanismo de pulsação nervosa, onde o sistema nervoso é capaz de sinalizar, à diferentes tecidos, sensações reais ou imaginárias.

Diversos organismos, incluindo o ser humano, ao longo de sua evolução, como espécie, desenvolveram mecanismos sensoriais que permitiam sensibilizar pequenas perturbações moleculares (olfato e paladar), de pressão (tato e audição) e eletromagnéticas (visão). Esse mecanismo são a base da chamada cognição – ou os sete sentidos.

A capacidade cognitiva de um organismo está de certa forma relacionada com a sua complexidade, assim como a sua capacidade mental de processar todos os impulsos recebidos ao mesmo tempo – já que não é lógico que uma linha evolutiva tenha dado origem a seres que gastam energia desnecessariamente com a captação de estimulas incapazes de serem processados.

Nesse aspecto é razoável considerar que a mente é um aparato cerebral, permitindo maior sensibilidade perante impulsos externos que - ao interagir com o organismo - geram sentimento e memória. A consciência são todas as amarras de um fantoche – mais todas as antigas amarras que se rasgaram – a consciência é a coletânea residual das memórias e é base comparativa para o pensamento.

A mente é a evolução do instinto, capaz de coordenar impulsos de sobrevivência com maestria. A mente é uma coletânea de memórias residuais geradas pelas interações que se estabelecem ou se estabeleceram com o indivíduo. Assim como todas as coisas são uma coisa só, a mente é um aparato do cérebro e o cérebro um aparato do físico. Ambos são “armas” das “máquinas de sobreviências” que são todos os organismos – do grego organismós, "conjunto" – capazes de reagir ao ambiente externo buscando manutenção e eternidade genética.

O físico muitas vezes é percebido como apenas a estrutura dessa máquina, mas sua capacidade de processamento advém do físico. O corpo físico é depósito e fábrica. É estrutura e função. Uma ordem mental é ao mesmo tempo uma ordem física. A mente é um mecanismo de trabalho sobre uma estrutura que ao mesmo tempo que é modulada é modulatória, coordenando o mecanismo em si.

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